Emerson Saraiva, pai da paciente (uma menina de 5 anos), conta como chegou na UPA de Cruzeiro do Sul.
Segundo ele, sua filha deu entrada na unidade por volta das 15:30h e só foi atendida quase 19h. “Ela estava com muita dor na barriga e vômito. Na hora do atendimento, o médico nem se quer olhou para minha filha e já foi prescrevendo dipirona e um remédio para vômito. Fui questioná-lo o porquê de não examiná-la e ele disse que não porque já havia prescrito. Aí fui perguntar como ele iria prescrever um remédio sendo que não tinha examinado minha filha. Então foi o momento em que falou que eu estava alterado. Eu, como pai, vendo minha filha gelada de tanto vomitar, fui pedir para que ele a examinasse. A resposta dele foi: não examinei e nem vou examinar, momento em que eu o agredi”, relata o pai.
Após o ato, Emerson tirou sua filha da sala e se evadiu do local, deixando sua esposa na responsabilidade dela. “O médico foi à sala onde estavam as duas e disse que iria me achar, pois é policial militar. Dormimos na casa da minha mãe com medo das ameaças”, cita.
No dia seguinte, Maria Eloísa, de 5 anos, persistiu com os sintomas, sendo levada ao Hospital do Juruá, onde recebeu atendimento médico. Conforme seu pai, a médica plantonista fez apenas o procedimento necessário e viu que seria um caso de apêndice. “Ela já ligou para o cirurgião, Dr. Ozi Câmara, onde fomos bem atendidos. Todos os exames foram feitos com rapidez e minha filha já foi encaminhada para o centro cirúrgico. A Apêndice estava no grau 3 de inflamação, a criança estava com pus na barriga e já foi cirurgiada. Ela está se recuperando bem”, afirma Emerson.
A reportagem questionou se Emerson se arrepende da situação (de ter agredido o médico), ele disse que sim. “Sim, com certeza, nunca fui de brigar. Ali foi um momento de desespero em ver minha filha naquele estado, e a recusa dele de ir examiná-la. Porque um simples fato de exame de toque já resolveria”, concluiu.
O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) repudiou veementemente a agressão física sofrida pelo médico e policial militar Michel, após ser atacado pelo pai de uma criança de 5 anos na UPA Jaques Pereira Braga, em Cruzeiro do Sul, na última terça-feira, 16 de janeiro de 2023.
O profissional levou um tapa no rosto enquanto realizava suas funções essenciais, gerando indignação.
A nota emitida pelo CRM-AC destacou a inadmissibilidade de agressões a profissionais de saúde, enfatizando que a paciente já estava sendo devidamente atendida, tornando o caso ainda mais grave.
O conselho expressou total solidariedade a Dr. Michel, buscando justiça diante do ato inaceitável e assegurando que o agressor seja exemplarmente punido.
Além disso, a direção do CRM-AC anunciou que solicitará ao Ministério Público e à Polícia Civil as providências rigorosas necessárias para garantir a plena aplicação da justiça. O diretor da UPA, Macson Rosas, esclareceu que a criança foi atendida enquanto o médico realizava um parto de emergência, reforçando a urgência e gravidade do caso.