O delegado da Polícia Federal Fares Feghali, encontrado morto nesta terça-feira, 15, em uma sala no Centro Empresarial Rio Branco, localizado na Avenida Brasil, já havia publicado, em 2020, uma série de postagens reflexivas em suas redes sociais. Na época, ele mantinha um blog intitulado “Para (tentar) fugir dos lugares-comuns” e compartilhava no Twitter pensamentos sobre temas como isolamento e morte.
Uma das postagens de maior destaque foi feita em maio de 2020, durante o período crítico da pandemia da covid-19, em que o delegado citou o poeta inglês John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado… a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”, escreveu em um tweet.
Feghali usava o blog para expressar lutas internas, trazendo à tona uma série de pensamentos sobre solidão, o sentido da vida e a passagem do tempo. Em um texto intitulado “Demora muito tempo pra se encontrar”, ele escreveu: “Demora muito tempo pra se encontrar… E pra se aceitar o que se encontrou, pra entender que, bem, é isso!”, diz um trecho.
No texto, Feghali refletia sobre o desgaste emocional de tentar encontrar seu lugar no mundo, enquanto sentia que o tempo seguia em frente sem lhe dar respostas claras. Em outro trecho, ele desabafa: “Sua mulher partiu, os amigos casaram e você nem recebeu boa parte dos convites, perdido na procura de um paraíso que juravam ser areia… e você encontrou alguma coisa bonita e bem diferente de um castelo.”, escreveu.
Segundo informações apuradas, a morte de Fares Feghali ocorreu após uma discussão com sua namorada, que é psicóloga. Ele teria tomado as chaves do consultório dela na noite anterior ao incidente e foi encontrado no banheiro do local, onde tirou a própria vida com sua arma funcional. As autoridades ainda investigam as circunstâncias do ocorrido, mas os sinais de angústia expressos em seu blog e nas redes sociais apontam para um quadro de sofrimento prolongado.
Um dos textos mais emblemáticos de seu blog, intitulado ‘SE EU VIAJASSE NO TEMPO (com algumas lições a mais…)’, apresenta uma autorreflexão em tom melancólico. Nele, Feghali fala sobre o tempo perdido e sobre como ele mesmo teria agido de forma diferente se pudesse voltar no tempo. “Eu me daria essa lição, se viajasse no tempo.. Eu demoraria mais no abraço se eu me encontrasse no tempo. Mas, se eu viajasse no tempo, não teria abraçado tantos”, diz um dos trechos.
Se você ou alguém que conhece está passando por dificuldades emocionais, procure ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e sigiloso por meio do telefone 188, 24 horas por dia, todos os dias da semana. Conversar com alguém pode ser o primeiro passo para superar momentos difíceis.