A pequena Letícia Emanuele Valle de Lima, de apenas 11 anos, que sofre de atrofia muscular espinhal, viveu momentos de tensão ao ser levada do Hospital do Juruá para sua casa, em Cruzeiro do Sul, na noite desta quarta-feira, 16, de maneira improvisada. Sem a disponibilização de uma ambulância, a menina foi transportada em um colchão colocado na carroceria de um carro.
Letícia havia passado por um procedimento de troca de equipamento no hospital à tarde e, mesmo com a alta, permaneceu no local até depois das 23h, aguardando um transporte adequado. Seu pai, Aldenilson Barreto, pedreiro, relatou ter tentado, sem sucesso, o apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das ambulâncias presentes no hospital. Diante da negativa, ele recorreu à ajuda de um amigo, que ofereceu o próprio carro para levar a menina de volta para casa.
A situação foi registrada em vídeo pelo pai de Letícia, que fez um apelo diretamente ao governador Gladson Cameli. “Pedi o Samu desde as 8 horas para levar minha filha, que tem atrofia muscular espinhal, mas disseram que não viriam, só se houvesse uma ocorrência. Como não houve, tive que chamar meu compadre para levar ela na carroceria do carro. É assim que tem que ser? Vou colocar para você ver, governador”, desabafou Aldenilson.
A família enfrentou uma longa espera no hospital, chegando ao local por volta das 14h e só deixando o hospital por volta das 23h30. “Ficamos das 14h até 20h30 para o médico trocar o botton. Quando ele solicitou a ambulância, disseram que só poderiam vir se houvesse uma ocorrência. Ficamos até 23h30 sem resposta”, relatou o pai.
Ele ainda destacou o risco que a improvisação no transporte representou, especialmente pelo alto custo do aparelho que Letícia utiliza, avaliado em mais de R$ 50 mil. “Nós viemos na carroceria, com um colchão, minha filha no meio e eu de joelho, segurando o aparelho. Qualquer descuido em uma ladeira e poderíamos ter caído”, descreveu.
O gerente de enfermagem do Samu em Cruzeiro do Sul, Giliard Santos, explicou que não foi possível atender à solicitação devido a um acidente grave que envolveu todas as viaturas disponíveis no momento. “Infelizmente, no horário em que o pai solicitou a viatura, todas estavam empenhadas em um acidente grave na BR-307. Sabemos da situação da paciente, e, em outras ocasiões, já realizamos o transporte, mas, naquele momento, não havia viatura disponível”, justificou o gerente, lembrando que o Samu é um serviço voltado para ocorrências de urgência e emergência.
A situação de Letícia e sua família gerou comoção e traz à tona a importância de discutir melhorias no atendimento e na disponibilidade de ambulâncias na região, garantindo que casos como esse não se repitam.