No fim da tarde desta quarta-feira (27) os termômetros marcavam 37ºC, mas a sensação térmica era de 43ºC em Rio Branco (AC). O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) passa os dias com o seguinte alerta para os moradores da capital acreana: “calor excessivo” – mesmo que o Sol já esteja se pondo.
O alerta técnico é “clima severo” praticamente nas 24 horas do dia.
O calorão infernal elevou os atendimentos nas unidades de saúde, motivou a decretação de emergência e ocorre em meio à seca do Rio Acre em Rio Branco, também sujeito e objeto de um decreto de emergência assinado pelo prefeito Tião Bocalom.
As sorveterias estão a todo vapor – assim como as contas de luz, que carregam nos valores o esforço de ventiladores, geladeiras e ar-condicionados. “Minha conta veio três vezes mais”, queixou-se uma moradora de Rio Branco no Facebook. Claro, para escapar do calorão, usou três vezes mais os equipamentos de refrigeração. A Energisa dá dicas de consumo em dias muito quentes, mas o que o morador quer mesmo é fugir da bola de fogo que virou sala, cozinha, quarto.
O estudioso do clima, Davi Friale, informa que no último dia 24 de setembro, Rio Branco registrou a maior temperatura do ano até agora, com 37,5ºC, superando o recorde anterior de 37,3ºC no dia 30 de agosto. “No interior, a maior temperatura de 2023, até agora, foi 39,1ºC, registrado, também, no último dia 24 de setembro, em Assis Brasil. Antes, os recordes eram 38,9ºC, registrado no dia 31 de agosto, e 38,2ºC, em Tarauacá, nos dias 21, 24 e 27 de agosto”, diz Friale.
Assim, viver no Acre nestes tempos tem sido de resiliência. Além do calor, a baixa umidade também representa um risco à saúde humana e dos animais. Cuidados especiais deverão ser tomados, principalmente, em relação a idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas, já que são mais sensíveis ao calor. Porém, as precauções com o calor também devem ser seguidas pelas demais pessoas.
De acordo com o Ministério da Saúde, mesmo tomando todos os cuidados, algumas pessoas poderão apresentar sinais de exaustão causados pelo calor excessivo.
Os sintomas são o excesso de transpiração, palidez ou pele fria, fraqueza, tontura e dor de cabeça. Fique atento ainda aos sinais de insolação, que são bem mais graves, como temperatura corporal extremamente alta, acima de 39,5 °C. Outros sintomas são a pele avermelhada, quente e seca (sem transpiração), pulso rápido e forte, dor de cabeça latejante, tontura, náusea ou vômito, confusão mental, perda de consciência, câimbras e desmaios. Se você se deparar com alguma pessoa apresentando sinais de insolação, solicite, imediatamente, assistência médica e comece a resfriar a vítima.
Mantenha a pessoa em uma área coberta e arejada, sem exposição ao sol e, se possível, imersa em uma banheira com água fria ou sob uma ducha. Na falta disso, molhe a pessoa com uma mangueira d’água para reduzir a temperatura corporal. Procure ligar para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência-192) ou para o Corpo de Bombeiros (156). Jamais ofereça bebida alcoólica à pessoa e insista na assistência médica o mais rápido possível.
Até o momento, as autoridades apenas propõem remédios tradicionais para uma enfermidade que cresce multifacetada. São decretos alarmistas, anúncios de milhões de reais que raramente se concretizam e, assim que a temperatura cair um pouco, tudo volta para as gavetas da burocracia.
Arborizar as cidades poderia criar meio de resfriamento, amenizando um pouco o calor que, segundo cientistas, veio para ficar.