Diante da infestação da lagarta mandarová nas plantações de mandioca no Vale do Juruá, a prefeitura de Cruzeiro do Sul, conhecida como a capital da farinha, declarou situação de emergência biológica. O decreto, publicado nesta quarta-feira (18), destaca que a principal preocupação é o impacto na produção de farinha - principal produto da cidade, que, inclusive, foi o primeiro a receber indicação geográfica.
"Considerando que a mandioca se caracteriza como a principal fonte de matéria-prima para a produção agrícola desta região, o comprometimento do cultivo influi em todo o funcionamento da economia local, comprometendo a capacidade do município de Cruzeiro do Sul para custear as ações de assistência em razão da magnitude do evento adverso tipificado como de nível II, sem o aporte emergencial de recursos. Considerando a quebra da situação de normalidade e da rotina dos produtores atingidos, bem como os impactos negativos causados na economia a nível estadual já que a mandioca é matéria prima para a produção de farinha, de tapioca e tucupi, e outros que são exportados a nível intermunicipal e estadual", justifica o decreto.
O secretário de Agricultura de Cruzeiro do Sul, Eutimar Sombra, destaca que o município tem ficado em alerta com os números e que reuniões já foram feitas com órgão competentes, traçando ações que devem ser executadas para a tomada de decisões.
“A preocupação é muito grande, primeiramente o dano econômico que vai gerar no nosso município, ainda mais quando nós temos 42% das famílias que sobrevivem da nossa mandiocultura. A capital da farinha pode ter a possibilidade de ficar sem farinha. Nós já estamos fazendo os acompanhamentos pelas comunidades, estamos montando uma sala de situação que é para atender as famílias, para ver o impacto gerado em cada um, a perda de quantidade de quadra, de produção que essa pessoa pode estar perdendo, e como a gente vai poder estar dando a resposta dessas famílias financeiramente”, diz.
Ainda segundo o gestor da pasta, mais de mil famílias foram atingidas, mas este número pode ser ainda maior, o que poderá ser comprovado por meio de relatórios e levantamentos feitos a partir da sala de situação.
“Tem a questão da reincidência dos ataques. Os roçados foram atingidos a primeira, a segunda e já estão na terceira vez e há o indício de voltar a quarta vez. Então isso é muito preocupante para o nosso município e para essas famílias que dependem da mandiocultura. Ela não é mais uma praga exótica, todo mundo já tem conhecimento, só que a questão é: mesmo juntando hoje todas as instituições a gente não vai conseguir dar uma resposta tão rápida para essas comunidades que são distantes. Tem pessoas que passam três dias para chegar aqui na nossa secretaria, porque são comunidades distantes. E em três dias, segundo os relatos dos moradores, aquilo já tem consumido tudo”, alerta.