Conforme a Secretaria de Meio Ambiente, levantamento utilizou amostras da água do Rio Amônia e também ouviu moradores da região. As amostras não encontraram presença de metais pesados.
O aumento na média de temperaturas das águas do Rio Amônia em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, pode ter causado a morte de peixes registrada no final de setembro. Conforme a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), foi feito um estudo que utilizou amostras da água do Rio Amônia e também ouviu moradores da região. As amostras não encontraram presença de metais pesados.
O levantamento, feito pela Sema junto ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e a Universidade Federal do Acre (Ufac), coletou as amostras no dia 4 de outubro. A área visitada pela equipe técnica abrangeu um trecho de aproximadamente 10 km no Rio Amônia, com pontos de coleta diferentes que se estenderam até o Rio Juruá.
“A equipe técnica conclui que, diante dos resultados das entrevistas com ribeirinhos, reunião com os representantes institucionais e levantamentos bibliográficos, no dia do evento de mortandade de peixes, no Rio Amônia, possa ter ocorrido uma diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido, em função da elevação extrema da temperatura da água, associada ao baixo nível da coluna d’água, tornando o ambiente inóspito aos peixes”, afirma o estudo.
A secretária de Meio Ambiente Julie Messias voltou a ressaltar que o problema tem sido registrado em vários estados da região Norte, e afirmou que as possíveis causas continuam sendo debatidas para a definição de soluções.
“Infelizmente, os outros estados da Amazônia também enfrentaram a mesma situação. O laudo da avaliação da qualidade da água que descarta contaminação, acende um outro alerta que é a alta temperatura da água. Estamos dialogando na Sala de Crise da Região Norte, da Agência Nacional de Águas (ANA), a qual a Sema, por meio da Sala de Situação, integra”, disse.
Um vídeo feito por um pescador mostra peixes que apareceram mortos no Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre. No vídeo, o morador, identificado como José Mendes, se impressiona, e diz nunca ter visto essa situação.
“Olha aqui nesse balseirinho, como é que está cheio de peixe morto. Creio que é consequência das nossas queimadas. Eu nunca tinha visto, no Amônia, morrer esse tanto de peixe. Isso é aqui no meu porto, só nesse porto, isso tudo de peixe”, diz.
À época, a prefeitura de Marechal Thaumaturgo e a Sema informaram que iriam acompanhar o caso. Um biólogo ouvido pelo g1 na época em que o vídeo do pescador foi divulgado, considerou possível a hipótese de que o aumento na temperatura das águas pode ter causado a mortandade de peixes. Porém, Marllus Rafael Almeida ressaltou que apenas a análise das amostras de água poderiam dar certeza.
“Falar sobre isso, seria muito especulativo, teria que fazer uma análise da água. Não sei se a secretária do meio ambiente foi lá verificar o que é que está acontecendo para ver as possíveis causas disso. A seca extrema que a gente está tendo, os rios estão com a calha bem abaixo do nível normal para essa época. Se for por causa da temperatura, deve estar atingindo acima dos 40 graus na superfície, aí teria essa possibilidade de causar essa mortandade de peixes. Teria que ter é análise, coleta do material biológico de peixe, a salinidade da água, enfim. Há vários parâmetros para ver se não foi alguma coisa que caiu lá. Teria que ter um procedimento científico”, comentou.