Após o Rio Acre atingir a marca histórica de 15,58 metros na cidade de Brasiléia, no interior do Acre, os moradores do município atingidos pela enchente ainda não têm previsão para voltarem para suas casas. A prefeitura da cidade informou que é necessário a liberação da Defesa Civil Municipal para que os moradores possam retornar às suas residências.
No último sábado (2), o nível do rio marcava 9,75 metros, abaixo da cota de alerta que é de 9,80 metros. Nesta segunda, não foi divulgada a medição do manancial na cidade.
De acordo com a prefeitura de Brasiléia, muitos moradores estão indo até suas casas para limpar, porém retornando para o abrigo. “A Defesa Civil não recomendou a volta pra casa, não teve aquela operação volta pra casa, entende? Porque é muito prejuízo, muitas casas destruídas”, explicou.
A prefeitura também explica que está impossibilitado a volta das famílias para casa por falta de acesso às ruas. “A cidade está destruída. Não tem acesso nem nas ruas, desmoronou e tá cheio de entulho. Mas uma força-tarefa já foi montada e deve começar hoje a limpeza geral da cidade”, disse.
Segundo o coordenador da sala de crise de Brasiléia, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Eden Santos, o impacto da cheia foi violento para os moradores da cidade.
“Nós estamos fazendo todos os levantamentos, levantando todos os impactos nas ruas, nos órgãos públicos, tudo está sendo feito, então a tarefa ainda é muito grande para poder voltar pra casa, a gente percebe muitas pessoas chegando, muitas pessoas fazendo limpeza, mas assim, retorno para casa vai requerer um certo tempo pra poder deixar numa condição satisfatória, porque o cenário aqui é desastroso“, disse.
O coordenador ainda explicou que é necessário fazer vistorias para verificar o impacto que a cheia histórica no município, deixou nas casas. Será necessário averiguar as condições de habitabilidade das residências.
“No centro da cidade está desastroso. Todos os ambientes onde a água chegou, com muita força, gerou grandes impactos. Não tem como te falar com precisão quando as pessoas vão retornar para casa. Então tem muito desabrigado, tem muito desalojado, que ainda vai demorar pra poder retornar para sua casa”, explicou.
Santos ainda salientou sobre um ponto pouco comentado: os efeitos psicológicos que a calamidade pode ter causado nos moradores.
“Ainda tem a questão do impacto psicológico na pessoa. Esse lance do pertencimento, de saber que viveu e que estava vivendo nessa casa, e de repente volta para o cenário destruído. Leva tempo para a pessoa poder recuperar também, não só o bem, mas também a condição emocional, psicológica, para continuar vivendo num ambiente que foi atingido por um desastre desse”, destaca.
Na manhã desta segunda-feira (4), os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, além de outros representantes do governo federal, chegaram ao Acre para visitar as áreas alagadas pelas enchentes dos rios.
Em todo o estado, pelo menos 26.449 pessoas estão fora de casa em todo o estado, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado nesta segunda (4). Além disso, 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e quatro pessoas já morreram em decorrência da cheia.