Cantor, ator e líder espiritual, Mapu Huni Kuin é acreano e foi destaque na Revista VEJA, onde contou sua história de vida e de trabalho. O material em que Mapu foi destaque está na edição nº 2853, disponível de forma virtual.
Mapu atualmente interpreta o personagem Raoni Guató na novela Terra e Paixão, da Globo. O indígena acreano também já gravou músicas com o DJ Alok e participa de diversos festivais com celebridades internacionais, como também ator Leonardo DiCaprio.
Para a revista VEJA, Mapu contou desde o início da sua história, até o momento em que decidiu deixar sua terra em busca de estudos.
“Até chegar a esse ponto, no entanto, enfrentei inúmeros desafios, desde aprender como viver fora da reserva indígena até receber ameaças de morte. Nosso povo sempre esteve vulnerável a ataques de seringueiros e madeireiros, além das tentativas de evangelização por missionários — e isso pode piorar caso o marco temporal das terras indígenas seja aprovado em Brasília. Em 2012, senti um chamado para deixar minha terra para estudar, e também para encontrar uma forma de ajudar meu povo. Em Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do Acre, fui surpreendido com o individualismo do mundo ocidental. Achei que eu chegaria lá e teria casa, comida e amigos para me ajudar, mas o que me ofereceram de graça foi apenas álcool e cigarro. Vivi meses à míngua até conseguir trabalho como cantor e juntei dinheiro para me mudar para a capital, Rio Branco”, contou em um trecho.
Mapu também contou como conheceu Alok e iniciou na vida artística. “De lá, fui para Brasília para participar de um acampamento indígena — onde conheci a antropóloga Araci Labiak, que me convidou para morar em Curitiba, onde trabalhei ministrando a sagrada medicina da ayahuasca. No Paraná, gravei meus primeiros rezos sagrados e postei os vídeos no YouTube. Foi a partir desses vídeos que o DJ Alok me conheceu e decidiu produzir minhas músicas, além de me convidar para gravar com ele seu novo trabalho, Futuro Ancestral. No fim do ano, apresentaremos essas músicas na ONU, em Nova York”, contou à Felipe Branco Cruz, da VEJA.