Enquanto o governo brasileiro não acena positivamente para a ligação do Acre com o Peru – via traçado de ligação rodoviária entre Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do Acre, e Pucallpa, a capital do Departmento de Ucayali, a Cosco Shipping, empresa que detém 45% das ações do Porto de Chancay (em construção), começou a se movimentar para reascender o debate e viabilizar a construção da rodovia ou da estrada de ferro pensada há quase duas décadas.

Essa foi uma das pautas puxadas durante um café da manhã de recepção a empresários do setor produtivo dos estados do Acre e Rondônia, na sala de reuniões do Porto de Chancay, a 60 km do norte da capital, Lima.

Gonzalo Rios Polastri, relações institucionais da multinacional Cosco Shipping, garantiu investidas junto as autoridades dos governos do Brasil e Peru, para viabilização do projeto. Durante palestra aos empresários, o relator garantiu que o estudo de construção da rodovia está pronto, dependendo apenas de “vontade política”.

De acordo a Cosco Shipping, Pucallpa já tem uma rota que liga diretamente ao Porto de Chancay. A sonhada conexão, principalmente para a região do Juruá, seria a segunda ligação com o Pacífico. “A ideia principal é construir uma única via de caminhão (modal terrestre) ou de trem (ferrovia), de Cruzeiro do Sul ao porto de Chancay”, disse Polastri em entrevista concedida exclusiva ao Papo de Cafezinho.

O movimento iniciado pela Cosco Shipping vai de encontro ao pensamento da ministra do meio ambiente do governo Lula, deputada federal licenciada, Marina Silva. Em recente declaração sobre o projeto, sem dizer se é a favor ou contra a construção da rodovia, a ministra acreana jogou a decisão de licenciamento do projeto para o Ibama.

Marina falou de viabilidades econômicas, culturais, sociais e tantas outras que sinalizaram para um processo de licenciamento lento que não conta com sua motivação para ser aprovado ou desaprovado a curto prazo.

A ideia de uma ferrovia entre o Brasil e o Peru não é nova. Em recente pesquisa sobre assunto constatei que na década passada, no Peru, já se contabilizavam cinco propostas diferentes de ferrovia entre os dois países, algumas das quais foram discutidas entre os governantes de ambos os países.

O diferencial agora é a movimentação da Cosco Shipping, que prevê financiamento privado Chinês de uma instituição que já demonstrou não dar prego em estopa. Quem visita o Porto de Chancay pode ver o tamanho da capacidade de investimento feito pela multinacional (1,3 bilhão de dólares até 2023). A Cosco Shipping tem 45% do controle de transporte marítimo do Pacífico.

O deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Luiz Gonzaga (PSDB), o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, desceram no aeroporto internacional de Lima e participam das próximas agendas na Embaixada do Brasil no Peru e com a diretoria da Cosco Shipping. Esta última agenda, mais reservada, somente para autoridades.

Se a segunda saída do Acre para o Pacífico é necessária, se a história pode esperar, bem, isso será papo para mais um cafezinho na temperatura fria de Lima, em média 17 graus essa semana.

Como por aqui não tem tacacá, seguimos degustando o Café Contri, do empresário Beto Moreto, que promete sucesso na Expoalimentaria.