Um relatório do Centro Integrado de Inteligência em Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Acre (Sejusp), aponta que narcotraficantes brasileiros que atuam na região de Ucayalli, no Peru, estão sendo expulsos. Com isso, o grupo tem intensificado suas bases na região do Vale do Juruá.
“E os dados colhidos em campo apontam para um intenso êxodo de brasileiros, sobretudo narcotraficantes, que estão deixando os campos de produção de cocaína no Peru e retornando ao lado brasileiro da fronteira”, diz o documento.
O lado brasileiro citado compreende os municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. Juntos, eles representam 19,4% do total do território acreano. Perto do seu principal fornecedor, o Peru, grupos criminosos como o PCC e a Comando Vermelho travam uma intensa guerra para o domínio das rotas, tanto de entrada da cocaína no País, quanto da saída dela pelo Rio Juruá para cidades como Manaus e Rio Branco.
As investigações dando conta desta movimentação atípica começaram em outubro do ano passado. As informações são repassadas à Polícia Federal e a órgãos de inteligência do governo do Acre. Todo esse material é fruto de uma cooperação com o governo peruano, que faz todo o trabalho de inteligência de monitoramento do crime do lado peruano.
Uma informação chama a atenção. Os narcotraficantes estariam recrutando indígenas para facilitar a entrada da cocaína peruana no Brasil. Eles agem como ‘mulas’ para fazer a travessia da droga entre os dois países.
Nos últimos dois anos, várias operações foram deflagradas pela Polícia Federal, em conjunto com as polícias Civil e Militar do Acre no combate ao tráfico de drogas no Vale do Juruá.