Presos envolvidos na rebelião que ocorreu no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, em julho deste ano, estão sendo transferidos do Acre em uma operação das forças de segurança. Um avião da Polícia Federal chegou na capital acreana na terça-feira (26) para fazer o transporte dos detentos para outro estado. A informação foi confirmada ao g1 pela Secretaria de Segurança Púbica do Acre (Sejusp), que deve dar mais detalhes em coletiva ainda nesta quarta.
A operação ainda está em andamento desde a madrugada desta quarta-feira (27). Ainda não foi divulgado o número total de presos que vão ser transferidos e nem para qual estado.
Investigações após rebelião
Já se passaram dois meses da rebelião no presídio Antônio Amaro, que resultou na morte de cinco detentos e a Polícia Civil ainda não concluiu as investigações. Ainda não se sabe como os presos tiveram acesso às armas, a real intenção deles e nem como eles conseguiram tomar os pavilhões do presídio de segurança máxima da capital acreana.
Nessa terça (26), o Iapen informou que ainda não foram concluídos os inquéritos. O delegado responsável pelo caso, Roberth Alencar afirmou que as investigações estão avançando e que o novo prazo é de 60 dias. “É uma investigação muito complexa, porque envolve uma instituição pública. Não é uma fato passional que já se sabe quem é o autor”, afirmou.
Sem dar mais detalhes, o governo do Acre informou que já foi notificado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) e que dentro do prazo estabelecido pelo órgão vai se posicionar.
Na rebelião, cinco presos foram mortos por membros de uma facção rival - três deles foram decapitados. Toda a dinâmica e motivação devem ser esclarecidas nos inquéritos abertos pela Polícia Civil.
O primeiro foi conduzido pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) e o outro conduzido pelo Departamento Técnico-Científico, para traçar como iniciou a rebelião dentro da unidade.
Exonerações e denúncias
No começo de agosto, o governador do Acre, Gladson Cameli, exonerou Glauber Feitoza Maia, que ocupava o cargo de presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC). Ele ficou mais de 1 ano e três meses a frente do instituto.
Na mesma edição do DOE, também saiu a demissão do diretor executivo operacional do Iapen, Marcelo Lopes da Silva. Nomeado no dia 19 de janeiro deste ano, ele ficou mais de seis meses no cargo.
Ainda me agosto, o g1 recebeu denúncia de servidores da unidade que aponta que a inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) tinha tido acesso a áudios e outros materiais que mostravam o plano de uma possível tentativa de fuga no presídio, porém, ignorou as informações.
Por medo de represálias, o grupo prefere não se identificar, mas, segundo alegações desses servidores, havia material mostrando que um dos grupos criminosos estava tentando uma fuga massa. Além disso, os servidores falam de outros pontos, como, por exemplo, a sala de armas onde os presos tiveram acesso até a fuzis. Segundo a denúncia, vários policiais penais teriam alertado e até pedido a retirada de armas do local, o que não foi feito. Os presos tiveram acesso a 15 armas no dia da rebelião.
Após a reportagem, o Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou inquérito para apurar a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro. O órgão estadual vai 'investigar a responsabilidade do Estado do Acre em razão de possíveis falhas na prestação do serviço público que levaram à rebelião'.
Rebelião
A rebelião começou na manhã do dia 26 de julho quando presos renderam policiais penais e tiveram acesso às armas que foram usadas para tomar o pavilhão de isolamento da unidade. Um policial foi ferido com tiro no olho e conseguiu sair do local e outro foi mantido refém. A rebelião terminou por volta das 10h do dia 27 de julho.
A Segurança afirmou que o que motivou a rebelião foi uma tentativa de fuga dos presos, mas há a hipótese também de ter sido por disputa de território entre facções criminosas rivais. Porém, a Sejusp disse que essa possibilidade ainda é investigada.
Os mortos são considerados chefes de uma organização criminosa e, segundo o Instituto Médico Legal (IML), três deles foram decapitados.