Devido ao ocorrido do último sábado (02) em que a enfermeira, Géssica Melo de Oliveira, foi morta durante uma perseguição policial na BR-317, o psicólogo Arif Calacina participou do programa Gazeta Entrevista para explicar pontos importantes sobre saúde mental. Segundo a família, a vítima estava sob um surto psicótico.
Durante o bate-papo, foi relatado que o surto psicótico não acontece com tanta frequência. O mais comum é as pessoas terem transtorno de ansiedade e depressão. O surto psicótico é um adoecimento de ordem mental, ou seja, trata-se de um caso que envolve uma disfunção de uma ordem neurológica.
Para o psicólogo, a ansiedade não é uma causa que leva o indivíduo a ter esse surto, mas a depender do nível de estresse associado a outras situações, pode sim desencadear um episódio psicótico.
Falando de depressão, caso a doença não esteja sendo tratada, essa pessoa em algum momento da vida pode vir a passar por esse momento.
Existem alguns sintomas para identificar se uma pessoa está passando por um surto psicótico, Calacina explica. “Um familiar tem mais facilidade para identificar alterações comportamentais na pessoa. Existem três sintomas básicos: alucinações, desorganização mental e delírio”.
As alucinações envolvem os sentidos físicos como: olfato, paladar, audição e visão. Por exemplo, uma pessoa que se encontra nessa situação pode ver ou escutar algo que as outras pessoas não estão vendo e nem escutando. O sujeito que se encontra nesta condição não tem como identificar que passa por um surto psicótico, porque, para ele, aquela situação é real, explica Calacina.
“Se a gente olhar o quadro relacionado a depressão ou transtorno bipolar, as pessoas que são diagnosticadas com essas doenças estão mais propicias ao suicídio”. O psicólogo conta que uma pessoa com transtorno bipolar tem uma alteração de humor, uma hora ela está extremamente triste e em outra está eufórica. Isso não acontece de uma hora para outra e ocorre em determinados períodos.
Durante um surto, o ideal é ter o máximo de atenção e compaixão pela pessoa, evitar confrontos ou tentar contê-la de forma agressiva, pois pode acontecer dessa pessoa agir de forma violenta e colocar a vida de quem tenta acalmar, em risco. Caso a situação esteja mais séria, o correto é acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros.
Arif Calacina salienta que quem sofre com essas doenças consegue um apoio no sistema público, mas não tão rápido como no privado, devido à alta demanda de pessoas doentes. Calacina relata também que a pandemia favoreceu essa percepção de que a psicologia, enquanto profissão e tratamento, pode ajudar as pessoas a lidarem com suas dificuldades.
“Está mais que comprovado que a prática de exercícios físicos, regulação hormonal, qualidade do sono, qualidade da alimentação e uma boa relação familiar, ajuda muito a prevenir essas doenças da mente”, finaliza.