Um mutirão de cirurgias vai realizar 60 procedimentos de laqueadura na Maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, durante esta semana. Dois cirurgiões e equipes de enfermeiros e auxiliares atuarão nos procedimentos que devem ocorrer até o sábado (24). O mutirão faz parte do programa Opera Acre que busca reduzir a fila de cirurgias eletivas no estado.
A coordenadora regional da secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) no Juruá, Diane Carvalho, explica que foi observado que a região possui alta demanda de procedimentos desse tipo, e por isso essa foi a opção escolhida para o mutirão. São cerca de 700 mulheres na fila para laqueadura.
“Existem várias outras especialidades, e a gente está com uma demanda grande aqui na região do Juruá de laqueaduras. O start inicial foi o que determinou a nossa decisão de iniciar as laqueaduras, pela quantidade grande de pacientes na fila de espera”, ressalta a coordenadora.
Uma das mulheres que aguardavam a hora de passar pela cirurgia é a assistente educacional Bárbara Queiroz. Após dois anos na fila, ela diz que se sente realizada com os três filhos e por isso, decidiu fazer o procedimento para não engravidar mais.
“Hoje está muito difícil não só criar como educar seus filhos. Os anticoncepcionais são seguros, mas a laqueadura é algo 100% seguro, então, é algo inexplicável, não tem como explicar em palavras. Eu não me arrependo de forma alguma de ter sido mãe, eu já sei o que é esse amor incondicional, entao, para mim ja estava na hora [de fazer o procedimento]”, conta.
Na maternidade de Cruzeiro do Sul foram realizadas mais de 300 cirurgias no ano passado, por meio do programa Opera Acre, e em 2024 as equipes da Sesacre pretendem de acordo continuar a redução das filas de espera
“Após a pandemia, retornaram as cirurgias eletivas, e desde então não pararam. Ano passado atendemos 347 mulheres com as cirurgias, e esse ano teve todo um planejamento maior para que a gente atendesse até mais. Essa é uma preocupação do governo, e a gente está aqui preparado para atender, para dar essa assistência a essas mulheres”, diz a diretora do Hospital da Criança e da Mulher de Cruzeiro do Sul, Iglê Monte.
O ginecologista obstetra Júlio Chaves, que atua na unidade, também ressalta que há uma grande demanda por cirurgias tanto de alta quanto pequena complexidade, e por isso os profissionais estão dispostos a atuar e contribuir para a redução das filas.
“Nós temos uma grande demanda de cirurgias, de alta complexidade, pequena complexidade, temos uma fila grande. As mais procuradas são para retirada do útero, a maioria por miomatoses, sangramento, e já fazíamos. Agora vamos começar a fazer mais porque temos um material que vai chegar, temos disponibilidade de anestesista, cirurgiões daqui estão dispostos a atender esses pacientes”, afirma.
A maternidade de Cruzeiro do Sul atende pacientes de cinco municípios da região do Juruá e também da regional de Tarauacá-Envira. Diane Carvalho explica que os pacientes são recebidos nas unidades de atenção básica e são inseridos nos bancos de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a demanda se forma, o estado, por meio das unidades de referência, decidem as estratégias e quando serão organizados os mutirões.
“Foi uma demanda que partiu dos municípios, então, esse paciente vem da atenção básica, inserido no sistema, e a partir do momento que a gente enxerga esse paciente no sistema, ou se organiza para mutirão, ou outra forma de reduzir a fila de cirurgias. Nós somos referência nacional no número de cirurgias feitas, fomos destaque no Ministério da Saúde, e esse recurso do Opera Acre é do Ministério da Saúde, recurso federal, homologado a partir do Conass [Conselho Nacional de Secretários de Saúde]”, finaliza.