Dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) apontam que nos últimos dois anos o Acre registrou 21 casos da doença, que é transmitida pelo inseto conhecido como “barbeiro”, pela picada (menos comum), ou pela ingestão de alimentos contaminados com as fezes do besouro.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), com artigo foi publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases, ligada à Universidade de Oxford, em 2020, apontou que as principais formas de contaminação da doença de Chagas acontecem ou pela picada do mosquito Barbeiro ou por ingestão de alimentos contaminados, em especial, o açaí, mas também a cana de açúcar e outros alimentos.
O contágio da doença após o consumo do açaí se dá pela ingestão do alimento com pedaços e fezes do barbeiro infectado com o “Trypanosoma cruzi”. A falta e higiene no processamento do fruto é um dos motivos. Na maioria das vezes o inseto pode estar alojado no cacho e é triturado junto com o produto no momento do preparo da polpa.
Em 2019, o município de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, teve um surto da doença. Através da transmissão da produção do açaí artesanal, 15 pessoas adoeceram. A situação acendeu um alerta com relação ao modo de produção do produto no estado.
Dados divulgados pela Sesacre, a pedido do ContilNet, mostram que o estado ainda registrou casos da doença nos últimos dois anos. Em 2022 foram 12 casos, já em 2022 o total registros da doença caiu para nove.
O município de Cruzeiro do Sul lidera o ranking de cidades acreanas com um total de 11 casos nos últimos dois anos, ou seja, mais de 52% do total de casos registrados em todo o estado.
Em seguida está Porto Walter com cinco casos, Marechal Thaumaturgo (2), Feijó, Mâncio Lima, e Rodrigues Alves, todos com um caso nos últimos dois anos.
Neste ano de 2024 o estado ainda não teve registros da doença de Chagas. A capital acreana segue sem casos confirmados nos últimos dois anos.
A doença de Chagas ocorre em três estágios. Na fase aguda os principais sintomas são a febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e nas pernas. Já na faze crônica, os principais sintomas são insuficiência cardíaca e problemas digestivos como o megacólon e megaesôfago.
O tratamento da doença de Chagas deve ser indicado por um médico de acordo com a gravidade, após a confirmação da doença. O tratamento é feito com o remédio, chamado Benznidazol, fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde.
A prevenção da doença de Chagas está relacionada à forma de transmissão. Uma das formas de controle é a utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada, para impedir que o inseto forme colônias dentro das residências.
Também é recomendado o uso de medidas de proteção individual como repelentes, roupas de mangas longas, etc, durante a realização de atividades noturnas em áreas de mata. A higienização de alimentos também é uma das principais medidas para prevenir a contaminação via oral.